
Decidir um torneio contra o maior campeão da Libertadores é uma tarefa indigesta. Encarar um acanhado caldeirão? Idem. Assim como enfrentar um recente campeão da América, cuja casa, mesmo desfalcada, é temida por todo o continente. Ao colocar os vermelhos Inter e Independiente frente a frente, a Recopa de 2011 foi disputada com a marca do respeito.

Que não confundam, no entanto, estima com covardia. Ao mesmo tempo que valorizava o tamanho do adversário que tinha pela frente, o Inter estava decidido a adicionar mais uma taça ao seu pomposo museu. No primeiro confronto, disputado na Argentina, até saímos na frente - gol de Damião! -, mas tomamos a virada na etapa final. Com o revés de 2 a 1, vencer no Beira-Rio se tornava um resultado inegociável.


Uma mais do que especial parceria entre as torcidas do Clube unificou o grito do Beira-Rio na noite de 24 de agosto de 2011. Naquela data, inclusive, o estádio chegou a falar com a torcida, inflamando os milhares de presentes na casa colorada. A chegada do elenco ao Gigante, destaque-se, foi abençoada com a segunda edição das tradicionais Ruas de Fogo, responsável por colorir a Padre Cacique no mais intenso tom alvirrubro.




Já em reformas para a Copa do Mundo, a limitada arquibancada social não teve sua ausência sentida, e foi compensada por cada colorado e colorada presente no Beira-Rio. Das arquibancadas, nossa gente cantou à altura da excelente atuação do Clube do Povo, que ainda contou com uma jornada mágica de seu artilheiro para ficar com o título. Aos 19 minutos do primeiro tempo, Leandro Damião foi lançado no corredor direito de ataque, superou dois marcadores (um deles o excelente Gabriel Milito) com um drible desconcertante e, depois de ganhar área, apostou no chute de bico contra a falta de ângulo. Inter 1 a 0!


Damião precisou de pouco tempo para ampliar a conta. Aos 24 minutos, Muriel repôs em jogo na direção do centroavante, que aproveitou o primeiro quique da bola para tomar a frente de Milito. De cabeça, o centroavante ganhou do argentino a briga pelo alto, deixou o adversário deitado e, por fim, soltou um lindo canhotaço da entrada da área. Em meio à corrida para sair da meta, o goleiro Navarro só pôde assistir de camarote ao segundo gol de Leandro no Beira-Rio - e terceiro no agregado do confronto.


Antes do intervalo, Damião ainda teve a chance de anotar o terceiro. Em nova jogada individual contra Milito, o centroavante disparou das cercanias do meio de campo, sustentou a marcação no corpo e, já dentro da área, bateu de perna direita. Forte, o chute morreu na rede, mas por fora. Reiniciado o embate, Velázquez descontou para os visitantes e igualou o escore no agregado. O jogo ficava aberto, como os posteriores milagres dos goleiros deixariam evidente.


Só depois dos 35 minutos do segundo tempo a torcida colorada voltou a respirar aliviada. Servido por Andrezinho, Jô saiu cara a cara com Navarro e foi derrubado pelo goleiro. Pênalti! Na cobrança, Kleber escolheu o canto esquerdo do gol, viu o arqueiro pular para a direita e partiu para a festa do segundo título do Inter na Recopa - penúltimo conquistado no Beira-Rio antes do completo fechamento do estádio para as reformas com vistas à Copa do Mundo de 2014.
