O recordista.
De seu pé, partiu o cruzamento do Gol Iluminado de Figueroa, em 1975. Uma temporada depois, foi além, primeiro cobrando falta que originou gol de Dadá, depois anotando, também de bola parada, o segundo na final nacional contra o Corinthians.
Atleta que mais vezes vestiu a camisa colorada, somando 803 partidas pelo Inter, Valdomiro Vaz Franco entrou para a história alvirrubra também por seus gols, assistências e títulos, mas principalmente devido à biografia que ostenta. O camisa 7 do Tri brasileiro construiu carreira que em muito se parece à alma alvirrubra. De origem humilde, encarou com a cabeça erguida altos e baixos, destilou muito suor para chegar ao topo e, uma vez nele, não esqueceu de suas raízes.
Nascido em Criciúma, o ponta-direita chegou ao Inter em 1968, após boa passagem pelo Comerciário, time de seu município. Fora indicado, inclusive, por outra lenda colorada, Tesourinha. Inicialmente contestado a ponto de ouvir vaias em seu aquecimento, Valdomiro percebeu que não existia melhor resposta à desconfiança para com seu futebol do que o empenho.
De tanto treinar, praticar e melhorar, passou a aterrorizar defesas com seus cruzamentos de efeito, chutes indefensáveis e intensa velocidade. Assim, com muita paciência e determinação, acumulou rótulos como homem Gre-Nal, decacampeão gaúcho e tri brasileiro. Com estes, eternizou-se em nossa história.
Meio-campista ofensivo, de grande estatura e mortal no jogo aéreo, pegou rodagem, no início da década, em equipes do interior do Rio Grande, até retornar, em 1972, ao seu Colorado do coração. Heptacampeão gaúcho com as cores do Inter, conquistou o bicampeonato nacional pelo Clube do Povo.
Talismã ou 12º jogador, chame como quiser, o gaúcho da capital sempre foi a alternativa perfeita para Rubens Minelli nos momentos em que o comandante necessitava de uma alteração mais ofensiva. Irrefutável prova é o segundo gol alvirrubro na semifinal do Brasileirão de 1976, contra o Atlético-MG, quando Escuro protagonizou, ao lado de Falcão, pintura rara na história do futebol mundial.
Escurinho deixou o Inter em 1978 e rodou por clubes brasileiros e sul-americanos antes de se aposentar, em 1986. Sua ligação com o Inter, porém, permaneceu até a data de sua morte, em razão de uma parada cardíaca, no dia 27 de setembro de 2011. Saudades eternas, ídolo!